Por James Davidson
O Morro da Macambira fica localizado entre os municípios do Moreno e do Jaboatão dos Guararapes, na encruzilhada que limita os engenhos Macujé, Canzanza e Caraúna. Com 255 metros de altitude, é o ponto mais alto do Jaboatão, sendo desconhecido pela maioria dos moradores, pois relativamente distante da sede urbana do município. A Macambira consiste num conjunto de três morros de relativa altitude, facilmente de identificar na paisagem por quem percorre a zona rural de Jaboatão ou de Moreno, destacando-se por possuir algumas torres da Chesf em seu cume. Seu nome faz referência a uma bromélia muito presente na região.


O Morro da Macambira tem origem num batólito de granito com idade remontando a Orogenia Brasiliana, há 600 milhões de anos atrás, durante a formação da Gondwana Ocidental. Durante a abertura do Oceano Atlântico, tendo início há 200 milhões de anos atrás, a região foi impactada pelo rift do Cabo, abrindo-se várias falhas secundárias perpendiculares, como o Graben da Muribeca e a Falha de Gurjaú. Nesta última se formou o Vale do Rio Gurjau, onde se encontram boa parte dos engenhos de Moreno (Gurjau de Baixo, de Cima, Caraúna, Mato Grosso, etc.) A Macambira porém ficou à margem desses eventos, tendo como consequência seu soerguimento em relação à paisagem vizinha, fato que fez desse morro o principal divisor de águas da área, separando os coletores que correm para o Jaboatão, a leste e norte daqueles, que correm para o Gurjaú, ao oeste e sul.

A identificação do Morro da Macambira como ponto mais alto de Jaboatão se deve às pesquisas de Orlando Breno de Araújo, autor do livro Jaboatão Sua Terra Sua Gente. Segundo ele, no Morro da Macambira já existiu há algumas décadas atrás uma furna, a denominada Gruta da Macambira, formada por matacões de granito. Infelizmente, essa formação foi dinamitada por exploradores de pedreiras, privando a paisagem de uma belíssima formação natural. Atualmente ao seu redor predominam plantações de cana-de-açúcar dos engenhos Macujé, Canzanza e Caraúna, bem como alguns fragmentos de Mata Atlântica que resistem, apesar do avanço dos canaviais. Na Macambira também estão a nascentes de vários Riachos: Suassuna, a leste que corre para o Jaboatão e seu sub-afluente Riacho do Açude; Secupeminha, ao sul, que corre para o Gurjaú; Carjnijó, ao norte, em terras do Engenho Jardim, que corre para o Jaboatão; Arroio Canzanza, ao sul, que corre para o Rio Gurjaú, entre outros.
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Do Cume do Morro da Macambira se avista todos os arredores do Recife, desde Olinda até o Porto de Suape. As cidades do Moreno, Jaboatão, Cabo e do Recife são visíveis do alto bem como o Distrito de Matriz da Luz em São Lourenço da Mata. Destaque para o marco geodésico do IBGE, situado no local mais alto do morro, tendo sido posto no local pra servir como referência de nível e marcar a linha reta que separa os municípios do Moreno e do Jaboatão dos Guararapes. Seu acesso se dá pela Ladeira do Tundá que, segundo relatos orais vem em referência a um escravizado fugido que se abrigou no local no século XIX.
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